top of page

O cavalo indomável

  • 9 de fev. de 2021
  • 3 min de leitura

Certa vez, em uma fazenda localizada nas proximidades de uma antiga cidade da América do Norte, havia um bando de cavalos que fora “englobado” a ela fazenda durante a demarcação/divisão de propriedade. Esses cavalos eram, inicialmente, selvagens, mas com o passar dos anos e mediante a insistência dos humanos que dominaram o local, eles foram aos poucos sendo domesticados.


Não havia muita discussão, eles que antes possuíam todas as terras possíveis daquele local, agora conseguiam apenas ficar nos pastos para os quais eram direcionados. Não eram mais capazes de correr infinitamente, mas se acostumaram com as vistas do além-cerca que lhes foram proporcionadas.


Com o passar do tempo também se adaptaram aos horários de recolhimento, de troca de pasto e, enfim, começaram a realizar quase que sem interferência dos humanos, as vontades deles, já que tudo havia se transformado em rotina. Por um lado, a troca havia sido boa. Eles eram bem tratados, recebiam comida fácil e eram protegidos das intempéries.


Por outro lado, uma infelicidade os arrebatava de vez em quando, sem sequer imaginarem o porquê. Algo parecia não estar certo e um sentimento oceânico de vontade de buscar algo tomava alguns deles, o que os fazia agir de forma quase que depressiva, se tornando, assim, os piores para o trabalho.


Outros, no entanto, não se importavam e trabalhavam sempre duro. Não faziam, de forma alguma, o conhecido “corpo mole”. Adoravam suas premiações pelo trabalho duro e gozavam de alguns privilégios se comparados aos outros cavalos “mais preguiçosos”. A liberdade que eles possuíam era maior que a dos outros, já que acessavam outros ambientes, mas era uma liberdade controlada pelos humanos, recebida como premiação.


O sistema ficou sempre cíclico, com bons cavalos, maus cavalos, cavalos que se davam bem com o sistema, cavalos mais depressivos que sequer entendiam o porquê de suas mágoas, etc. Até que certo dia nasceu um potro. Pouco se sabe sobre seu nascimento, dizem alguns que foi marcado por fenômenos de luzes e que o céu parou durante todas as horas de seu parto.


É provável que tudo isso não se passe de uma lenda, mas todas as fontes o descrevem da mesma maneira: castanho, quase roxo, com um triângulo branco na testa, calçado nas quatro patas com meias brancas. Desengonçado, nasceu e logo levou seu primeiro tombo, o que não o atrapalhou em nada, já que logo estava dando seus primeiros trotes pela grama verde.


Era um belo cavalo, por isso chamou a atenção dos humanos, que queria mantê-lo por perto, além de que os humanos filhotes adoravam tentar acaricia-lo. De início, o pequeno castanho era um pouco arisco, mas com o tempo foi se acostumando com aquilo.

O fato é que, na medida em que foi crescendo, parecia que algo lhe chamava para outros campos. Ele olhava para sua realidade, que parecia boa e tranquila, mas ela não lhe satisfazia a alma, de forma alguma. Aos poucos o contato com os humanos foi lhe causando repugnância, mas mal sabia ele o porquê.


A sensação de prisão foi tomando conta, mesmo que fossem todos bem tratados, mesmo que lhes dessem tudo, algo não parecia certo. O pasto era verde, a ração era boa, os cuidados e o banho eram perfeitos, mas lhe faltava algo. Tudo o do bom e do melhor lhe era proporcionado, mas em troca, o que ele perdia? Parecia perder algo precioso, que ainda não sabia o que era.


Então começaram as revoltas. Repentinamente ele não aceitava mais ser montado, depois passou a negar ser recolhido e na chuva ficou. Os humanos também não se preocuparam em busca-lo, precisava sofrer, foi o que pensaram. E ele aguentou a chuva e o frio, enquanto isso não se contentava com o que acontecia... De onde vinha sua revolta?


No decorrer da noite, fria e silenciosa, no entanto devidamente iluminada, já que a lua, que estava cheia, graciosamente tecia a vegetação com fios luminosos, o cavalo fitou as cercas que o prendiam e os fios de arame que ligavam os pequenos troncos. Olhou para si, se viu um grande ser, muito grande para se limitar àquela pequena cerca...


Continua daqui 15 dias... 😊


Gostou do texto? Dê uma curtida e compartilhe com outras pessoas!


Comments


bottom of page