Por que é difícil dar valor?
- 27 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Existe uma dificuldade intrínseca no processo de dar valor às coisas e tal dificuldade reside em nossa capacidade de “estar presente”. Muitas vezes não estamos realmente presentes e entregues às situações, vivendo na depressão (passado) ou ansiedade (futuro), o que reduz – muito – a nossa percepção.
Em razão dessa redução de percepção muitas coisas acontecem ao nosso redor sem sequer nos darmos conta. Há momentos em que diversas pessoas podem estar incessantemente nos servindo sem notarmos que estamos sendo servidos, ou muitas facilidades em nossas vidas, sem que enxerguemos essas facilidades, dentre outras coisas...
Todas essas situações não nos tornam monstros, mas é preciso buscar estar mais presente nos momentos, prestar mais atenção, para compreender que a todo o momento existem coisas acontecendo, coisas importantes, para as quais devemos dar valor.
Quando não desenvolvemos essa percepção, o que acontece – quase sempre –, é que quando as pessoas nos desapontam em algo, lhes cobramos, muitas vezes sem levar em consideração todo o resto do contexto (até porque desconhecemos ele). É como se enquanto somos beneficiados, estivermos dormindo, mas quando de alguma forma somos prejudicados, acordamos e vamos para a guerra. Se identificou?
Pois é, é sinal que o ego está a todo vapor projetando uma ideia egocêntrica no mundo, mas é possível cessar esse movimento, é possível diminuir a influência egóica, no entanto para isso é necessário aumentar nossa presença nas situações. E haverá dor.
Haverá dor – esse é um dos processos mais dolorosos – porque subitamente vamos percebendo o quanto já injustiçamos pessoas que amamos tanto e que sempre estiveram ali por nós. É preciso encarar essa dor, passar por todo esse caminho, para iniciar o processo do despertar (isso é um pequeno despertar por si só).

Temos uma necessidade de compreender, para iniciar qualquer processo, que não há como desenvolver o máximo da Justiça e deixar outras virtudes de lado. A conta não fecha. As virtudes são interdependentes e o processo segue de forma rítmica. Existem diferenças de processos, mas é impossível que haja alguém perfeito em justiça e arrogante (a simples arrogância já é uma injustiça com o outro).
Portanto, é preciso dar valor às coisas que possuímos, compreender como elas agem em nós e qual a influência e importância que isso tem. Só assim conseguiremos ser gratos. Pode parecer estranho, mas a gratidão é um dos primeiros passos para o despertar, porque só consegue ser realmente grato quem está presente – e a gratidão é um excelente motor para o processo de presença –, ao passo que só consegue ser e exercer o “si mesmo” quem alcançou essa presença.
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Domingo tem vídeo no instagram (@trideah) sobre Gratidão, fique de olho!
Lembrando um adágio popular: "Só se dá real valor às coisas, depois de perde-las."